segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Orçamentos

Acontece com mais regularidade do que gostaríamos, chegar ao fim de um trabalho e andar às voltas com o cliente por causa de pagamentos, de direitos, de alterações. É sempre uma dor de cabeça, que acontece em grande parte porque não foram feitas as perguntas certas antes de se apresentar o orçamento.
Por isso deixo aqui uma lista de sugestões de dados a obter do cliente, antes de entregar o orçamento.

1-Quem é o cliente?
  • Nome, NIF, morada. Estes dados são essenciais.
  • Quem aprova o trabalho final? Muitas vezes estamos a trabalhar com intermediários, que nos dão um OK deixando-nos com a ideia de que realmente o trabalho foi aprovado, quando na realidade ainda tem que passar pelo aval de outra pessoa. Julgamos o trabalho terminado e entregue e de repente lá vem mais uma alteração...
  • Quem trata dos pagamentos? Será que depois de terminado o trabalho vamos andar meses à volta de um departamento financeiro? É importante que se esclareça o processo de pagamento, o tipo de documentos que precisam e o nome da pessoa responsável pelo processo.
2-Quem comissiona?
  • Os dados de quem comissiona. Pode ser um agente, uma agência que trabalha para terceiros.
  • Qual a % da comissão. Aqui ter em atenção que uma comissão de 50% sobre o trabalho não é a mesma coisa que uma comissão de 50% do trabalho. Numa delas o trabalho vai para o cliente com 150% do valor, sendo 100% para o autor e 50% para o agente, noutra o agente fica com 50% do valor que vai para o cliente. 
3-Onde vai ser usado?
  • O local de uso, se é um outdoor, um livro, uma exposição, e em quantos locais vai estar exposto.
    Uma ilustração para o jornal local não tem o mesmo numero de visualizações que uma para a newsletter de uma multinacional com milhares de empregados.
  • Se é uma publicação, quantos exemplares? Quantas edições?
4-Qual o uso que vai ser dado ao trabalho?
  • Por o cliente ter comprado uma ilustração para a sua publicação não lhe permite usar essa imagem como campanha de marketing, ou mesmo de vender produtos com a imagem. O uso deve ser descrito claramente (promoção, venda, aluguer, etc).
5-Qual a duração da exposição da obra?
  • Vai ser usada apenas naquela publicação ou ficará depois no site do cliente, onde pode ser visto por milhões de pessoas e descarregado vezes sem fim?
6-Exclusividade
  • O cliente pretende guardar direitos sobre a obra? Caso contrário, findo o tempo de uso, a obra pode ser revendida a um banco de imagens, por exemplo.
7-Créditos
  • O nome do autor estará presente e em local visível? Muitas agências subcontratam a ilustração, mas não querem que o cliente saiba que o trabalho foi feito fora da agência, e como tal não identificam o autor. No entanto, não sendo funcionário da agência, o autor tem o direito à paternidade da obra.
8-Termos especiais
  • Se pretende apenas custear a execução, e deixar para depois o custo da licença de reprodução, no caso de obras que ainda vão a concurso.
  • Se pretende poder alterar a obra
  • Se pretende adquirir todos os direitos da obra
Com estes dados já é possível fazer um orçamento sem surpresas. Já se pode estimar se o trabalho vai ser feito de uma assentada ou se vai sofrer as intermináveis alterações, se vai ser pago a pronto ou a 90 dias, e com esses dados ajustar o valor do trabalho às condicionantes do cliente.

Há algo mais que gostassem de acrescentar?
Deixem-nos as vossas sugestões!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Dia mundial do desenhador

a 15 de Abril de 1452 nascia Leonardo Da Vinci.
Por isso hoje é o dia mundial do Desenhador.
A todos os colegas, um grande parabéns!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A vida cíclica do freelance


O leão, porque não sabe quando voltará a ter comida, quando a tem, come até rebentar.

Quem anda no freelance sabe que é uma vida de ciclos.
Como uma onda, cuja linha sobe e desce de forma mais ou menos ritmada.
Alguns conseguem contornar ligeiramente este factor com avenças, mas regra geral é uma actividade marcada por períodos de muito trabalho intervalados por outros em que o trabalho é pouco ou nenhum. E mesmo as avenças tendem a terminar nas alturas de crise, deixando o freelancer completamente desamparado.

Porque acontece

Começa por haver tempo livre. Porque queremos ser artistas. Fazem-se uns bonecos, participam-se em blogs e concursos online, comentam-se os posts dos outros artistas, que verdade seja dita, a gente gosta de trabalhar mesmo quando não ganha nada com isso.
E o que acontece é que, o que para o incauto freelance é um momento de lazer, para um empreendedor exactamente a mesma coisa chama-se "networking".
Que se pode traduzir livremente por "fazer-se ver".
E com a visibilidade, naturalmente, começa a surgir o trabalho.
Entramos assim na parte ascendente da curva de produção do freelancer. Trabalho puxa trabalho, há uma presença forte na net, e invariavelmente os clientes aparecem aos jorros(ou pelo menos o suficiente para pagar as contas).
Como seria de esperar, um grande volume de trabalho implica uma dedicação quase exclusiva, o que significa uma redução drástica do tempo disponível, e lá se começa a cortar nas coisas menos "importantes", como fazer bonecos por prazer e comentar nos blogs.
E entramos na curva descendente.
Não é que não haja trabalho, mas começa a surgir com menos regularidade.
Afinal andámos desaparecidos, os clientes antigos já não se lembram de nós ou encontraram uma nova presença na rede e os novos nem sabem que existimos.
Até que o trabalho dá lugar ao tempo livre.
E o ciclo recomeça.

O dilema

Não seria agradável que o fluxo de trabalho fosse constante, e que ainda assim houvesse tempo para a fanart, os blogs, os concursos e o prazer?
Lá ser, seria, mas o síndrome do leão estraga tudo.
Não passa pela cabeça de nenhum freelance recusar um trabalho porque tem aquele tempo reservado para o networking. Trabalho é sempre trabalho. E se aquele é que era o "tal" cliente? E se o cliente vai ter com outro ilustrador e não regressa mais? Então andei a investir no networking para depois andar a recusar clientes? Vou deitar isto tudo a perder porque quero ler uns blogs? E? E? E?

Não.
Deitas tudo a perder precisamente porque deixas de ler os blogs.

Lidar com o networking

O que é que se pode fazer então?
A resposta é simples: disciplinar a coisa.
Reconhecer que o tempo passado em contacto com o mundo exterior não só é essencial para a nossa sanidade mental como é a única coisa que nos vai manter a trabalhar.
Há quem guarde uma hora de manhã para "soltar a mão", para ler os feeds, para socializar um bocadinho, quase como o coffee break numa qualquer empresa. Outros preferem fazê-lo ao fim do dia, quando já despacharam o trabalho e não têm que gerir a ansiedade do ter que fazer.
Cabe a cada um definir o investimento que vai fazer na publicidade ao seu negócio - que no fundo não passa disso - e que no caso do freelance se paga com tempo.
Reservar a altura do dia que considera ideal, seja pela paz de espírito seja porque é a altura em que as pessoas que interessam estão ligadas, e mostrar-se activamente.

Com a vantagem de saber que não só se está a divertir com o que antes era apenas um momento de lazer, mas que também está a dar um passo essencial para reduzir a barriga da curva do trabalho para uma coisa mais próxima da linha recta.

E talvez não sejamos tão duros quando os clientes num aperto começam por cortar na publicidade, afinal fazemos o mesmo.

O networking também se faz entre colegas

Agora partilhem os vossos momentos de networking: que sites e blogs visitam regularmente? Que método preferem, e quanto tempo reservam para a socialização?

artigo também em serfreelance.com

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Links parte 2

Hoje trago-vos um blog que, apesar de ser mais virado para o design e a fotografia, é em português e virado para o freelance.

Diz a autora, Ana Martelo:
"O SerFreelancer começou como uma espécie de colectânea de vários artigos, recursos e dicas de referência para todos aqueles que trabalham como freelancers, em qualquer área, mas mais dedicado à área de criação artística.
A ideia principal do Blog é ajudar todos aqueles que tal como eu trabalham sozinhos.
O Blog é escrito por AnaMartelo, Designer e Fotógrafa freelancer.
Se, assim como ela, é freelancer ou apenas interessado na área, sinta-se a vontade para comentar, propor artigos ou fazer qualquer questão.
Cumprimentos,

AnaMartelo"

Ide e espreitai.
SerFreelancer.com

Mas depois voltem :)

quarta-feira, 10 de março de 2010

Carta a um Ilustrador

Caro ilustrador:

Eu sou um editor que até há pouco contratava ilustradores para os meus livros.
Mas entretanto um amigo disse-me que podia tê-lo a trabalhar de borla.
O meu amigo disse-me que a única coisa que tenho que fazer é prometer mais trabalho no futuro se eu gostar do seu trabalho.
O meu amigo disse-me que consigo até ter uma série de ilustrações sem lhe pagar um tostão, desde que lhes chame "testes".
O meu amigo também me disse para lhe dizer que tenho outros ilustradores a concorrer ao trabalho, e que escolherei o melhor de entre vós.

Não fazia ideia de que era tão fácil ter um ilustrador a trabalhar de borla e em troca terei que levar o meu amigo a almoçar para lhe agradecer.

Sinceramente,
Potencial Cliente