quinta-feira, 30 de julho de 2009

A relação cliente/freelancer no mundo real

Não me canso de ver este filme. Creio que já as ouvi todas.
Fica aqui um momento de humor porque isto a vida não é só chatices.


terça-feira, 28 de julho de 2009

O preço pelo pacote

Não é incomum que um cliente que encomenda um trabalho grande peça um "desconto especial" por estar a dar muito trabalho.
Mas talvez seja um erro para o freelance aceitar fazer o desconto.

O que é que está em causa aqui?

Primeiro que tudo o desconhecimento jusificável por parte do cliente do processo de trabalho de um freelancer.
O que seria natural para qualquer empresa, uma vez que ao aumentarem a produção reduzem o custo por peça e não é senão natural que façam esse desconto, não se verifica para o freelancer. Este é uma pessoa só a trabalhar e não consegue reduzir custos apenas pelo facto de ter mais trabalho.
Antes pelo contrário, a dedicação exclusiva a um único trabalho, algo a que um freelance não está normalmente habituado, vai requerer um esforço suplementar para manter a dedicação e qualidade ao longo da obra.

Em segundo lugar, está a visibilidade. Um trabalho grande implica normalmente um periodo longo de ausência do mercado de trabalho. E a visibilidade é um factor essencial para que um freelancer tenha trabalho. Ninguém dá trabalho a quem já esqueceu.

Em terceiro lugar está a disponíbilidade. Se o freelancer pega num trabalho grande, há sempre uma forte probabilidade de ter que dizer "não" a novos clientes ou pior, a um cliente que gostou do trabalho dele e quer mais. Não atender esses clientes implica não só deitar por terra todo o trabalho que se teve a fidelizar o cliente como se corre o risco de o cliente depois de ter experimentado outro colega, não recorra mais aos nossos serviços, porque as pessoas de um modo natural oferecem alguma resistência à mudança.

Considerando estes factores, de repente um trabalho grande poderá até ficar mais caro.

Por isso o ideal nestas situações é conversar sobre estas questões préviamente com o cliente, para que haja alguma abertura para particionar o trabalho, negociando os prazos a cada tranche.

Isto permite não só alguma respiração entre fases como um melhor agendamento do trabalho, que permita ao freelancer cumprir com prazos e qualidade.

Como é que vocês negoceiam os vossos "descontos"?

sábado, 18 de julho de 2009

Quando somos arrastados para um prazo impossível...

Acontece de tempos a tempos.
O cliente pede um orçamento para um trabalho que deverá estar pronto daí a um mês.
O trabalho é coisa para durar 2 semanas, mais uma de margem de segurança, e avançamos uma data de entrega para daí a 3 semanas.
Mas o cliente demora uma eternidade a responder.
Quando finalmente responde, duas semanas se passaram. Entretanto aceitámos novos trabalhos que vieram preencher a nossa agenda, e não só ficamos apenas com duas semanas para fazer o trabalho como ainda por cima dessas duas semanas, metade do tempo já está agendado para outros trabalhos.
Depois vêm as directas, a desmotivação pelo cansaço, a inerente perda de qualidade. Ocasionalmente lá se consegue negociar a entrega de sexta para segunda seguinte e passamos o fim de semana a trabalhar, mas deixamos uma má impressão no cliente (afinal fomos nós que indicámos aquela data originalmente...).

Isto já sem contar com a lei de Murphy em que ficamos sem computador/internet/capacidade de trabalhar por algum motivo. O artista não é uma empresa, em que se um trabalhador adoecer outro toma o seu lugar. O cliente espera que o trabalho seja feito por uma pessoa concreta.

Então como lidar com esta situação se nos deixarmos arrastar para ela?

A primeira coisa a fazer é contactar o cliente.
Nada de "ah, mas...", nada de choradinhos.
Há que ser profissional e honesto e explicar ao cliente que a estimativa foi feita com base na aprovação imediata e que contemplava um determinado prazo para o trabalho.
Que como é natural um profissional liberal não pode ficar à espera que um cliente se decida por um orçamento, e como é natural aceitou novos trabalhos. Explicar bem como está neste momento a agenda, qual a disponíbilidade e qual o menor prazo em que conseguimos entregar um trabalho de qualidade.
Muito provavelmente o cliente já deu um prazo com margem de segurança.

O próximo passo é aprender com o erro.
Em cada orçamento enviado, estipular apenas o tempo previsto de execução, nada de datas. Demora 2 dias, demora 3 semanas. Isto permite ao cliente saber quando pode contar com o trabalho após a adjudicação.
Explicar bem que esse prazo é uma estimativa e que o prazo final só será indicado após a adjudicação, porque no hiato de tempo em que o orçamento foi entregue e o cliente respondeu podem ter surgido trabalhos que vêm preencher a agenda. Normalmente é boa política dar um prazo de validade ao orçamento, não só para salvaguardar a disponíbilidade mas também para fazer alguma pressão para que o cliente se decida.

Na eventualidade de realmente cair um trabalho que requer resposta urgente dentro do prazo de validade do orçamento, informar de imediato o cliente das novas condições. Qual a nova disponíbilidade de agenda e em que prazo conseguimos razoávelmente entregar o trabalho.

E finalmente se não der para cumprir com o prazo pedido pelo cliente, declinar graciosamente o trabalho. É duro, mas mais vale dizer que não a não cumprir com um prazo. Afinal um freelancer vive da sua reputação.

E vocês, já se deixaram arrastar para situações destas?
Partilhem as vossas experiências com prazos loucos.